segunda-feira, 17 de março de 2008

Dharamshala

Então, no dia 08 de novembro, as 15:30 nos despedimos do nosso amigo, em Delhi, e pegamos o ônibus. Nem era um ônibus cheio de galinhas e cabras (como eu tinha imaginado), conseguiu ser mais confortável que o avião. As poltronas deitavam mais, mas o espaço entre elas era muito pequeno e como eram aproximadamente 18 horas de viagem o bumbum e os joelhos ficaram em estado bastante lastimável, mas enfim, sobrevivemos!

Já ali conhecemos a versão “comerciante” dos indianos. Malas em cima, proibido. Embaixo, tivemos que pagar pela segurança delas.

Como nem eu nem a Lu tínhamos idéia de onde íamos ficar e chegaríamos meio que de madrugada puxei conversa com uma menina que estava sozinha porque ela estava levando tão pouca bagagem que pensei que talvez não fosse sua primeira vez na Índia. Estava errada, Naom, israelita, também nunca tinha ido e também não sabia onde ia ficar.

Pela primeira vez, mas não por última, alguém me falou que tenho cara de israelita. Me disse também que era muito difícil falar em inglês comigo, já que toda vez que me olhava o hebreu vinha na sua cabeça. E ficou meio que espantada com meu nome, já que em hebreu significa “eu”. Então imaginem se eu fosse me apresentar em hebreu para um israelita: Oi, eu me chamo Eu! Simplesmente ridículo...

Bom, voltando ao principio, vencendo toda a minha vergonha, puxei conversa com ela e logo também conhecemos um menino, australiano, Yan, que também não sabia onde ia ficar e ai ficou meio que lógico que íamos acabar ficando todos juntos, porque éramos todos mais ou menos da mesma idade e tal.

Chegamos em Dharamshala as 06:30 da manha, ainda escuro e MUITO frio. A parada do ônibus estava cheia de indianos tentando nos levar cada um para um hotel diferente. Como estávamos cansados e estava muito escuro para sair procurando outro lugar fizemos negocio com um deles. Quarto duplo para mim e para Lu por 150 rupias (1,50 euros para cada uma!) e quarto solteiro para os dois por 100 rupias.

O hotel era lindo, limpo, e tinha um terraço com uma vista incrível. E acabou que o negócio foi bom porque depois saímos para procurar outro lugar para ficar e nenhum quis nos oferecer nada por este preço e aqueles que chegavam perto não eram tão bons (por exemplo, dormitório com chuveiro fora do quarto e ainda por cima sem água quente).

Daramshala é uma cidadezinha perdida nos pés do Himalaia. Cidade onde vive o Dalai Lama. Cidade, também, onde estão muitos refugiados que escaparam do Tibete durante a exterminação feita pela China, logo, com mais cultura tibetana que indiana. Talvez por ser mais tibetana a cidade era um pouco mais limpa do que as que vimos depois. Fora, lógico, a natureza ao redor. Embora nao fosse totalmente inverno, já se podiam ver alguns picos brancos, e também o céu, incrivelmente azul.

Seguindo indicações de nosso amigo, descobrimos a maravilha da comida tibetana. momo, uma espécie de pastel de verduras, de queijo (ou de carne para os nao vegetarianos) cozidos ao vapor, foi um dos pratos prediletos. Até que descobrimos um restaurante minúsculo escondido atrás de um lençol. O nome, impossível saber, já que estava escrito em língua estranha. A cozinha, pequena e suja. A comida, a melhor, sem dúvida. A thukpa, uma sopa de macarrão foi uma das preferidas da Lu. Já eu, o macarrão com verduras. Uma perdição.

Já no dia 09 fomos ver onde ficava o vipassana e nos inscrever. Fiquei bastante amedrontada porque a rotina era bastante dura. Despertar as 04:00 da manha todos os dias, meditar duas horas, intervalo de 01:30 horas para o café, mais meditação, de 11:00 as 12:00 intervalo para almoço, depois mais uma hora de descanso e mais meditação ate as 09:30 da noite que ai iríamos dormir, com um intervalo para lanche em alguma hora. Fora que o lugar é frio e nos falaram para levar saco de dormir ou mais cobertor, que apesar de eles fornecerem um, as paredes são de plástico e parecia não ser suficiente.

Mas chegamos a tempo de nos inscrever no último do ano. Último porque depois o frio não permitiria mais. Isso porque era novembro e já aí sentíamos os ossos congelarem depois dos escurecer...

Dharamshala é a cidade ideal para fazer cursos de, claro, cozinha tibetana e massagem. Logo, ótimo lugar para receber massagens. Lu deu sorte e encontrou um ótimo médico massagista, de quem saiu falando maravilhas, já com o ciático mais calmado. Já eu, deixei para depois do vipassana e já nao o encontrei mais. E eu, consegui achar um dentista limpinho que viu que eu necessitava de um canal no cizo, por isso doia tanto...Mas como ele nao fazia, comprei tylenol.
No hotel o dono ou recepcionista ou multi uso, sei lá, estava sempre tentando nos vender um pacote para Kashmira, que parece ser um lugar muito bonito, embora um pouco perigoso. E pensamos em ir depois do vipassana. Só que dependíamos do preço, que ficamos na dúvida se era 2500 rúpias (muito barato, lógico que iríamos) ou 250 dólares (tipo, nem pensar!), porque o cara falava inglês pré histórico. No final era caro mesmo e não fomos para alívio dos pais.

Compramos um cobertor tibetano e umas luvas e meias de lã bem engraçadas para ver se sobreviviamos ao vipassana.


Aproveitamos também para conhecer uma cachoeira que ficava perto, muito linda, por sinal. Pena o frio, que impossibilitava qualquer contato com a água. Fora também que apesar do lugar ser lindo, não faltou lixo espalhado ao redor, típico da cultura deles também.
Nos dias anteriores ao vipassana conhecemos também o monastério do Dalai Lama. O templo é lindo, cheio de pinturas em todas as paredes, enormes estátuas de Budha, e um ambiente bem agradável. Fora as 108 rodas para mantralizar o "om mani padme hum". Pena que ele nao estivesse por la.




Ainta tentamos chegar no alto das montanhas. Um passeio fantástico, mas morremos na praia. Isso porque fomos sozinhas e caminhamos, caminhamos e caminhamos, quase infitamente e nao chegávamos. Lu com dor de ciático (isso foi antes da massagem) e eu preocupada que ficasse escuro antes de conseguirmos voltar. Acho que já estávamos quase lá quando resolvemos voltar. Só saberemos da próxima vez que formos. Mas, o passeio valeu a pena. Encontramos um bar a nao sei quantos mil metrso de altura, lá no meio do nada, um vento constante batendo. Os produtos, levados em burros. Enfim, umas 9 horas de caminhada entre ir e voltar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Puxa! 9 hs de caminhada! Vcs deve ter chegado bem perto do topo! E pelo jeito, lá devia haver... um restaurante...