sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Depois da desertica dourada cidade de Jaisalmer fomos a Jodhpur. Nao gostamos, tanto que so passamos uma noite e no dia seguinte partimos de volta a Pushkar. Eu tambem por uma noite porque de la parti para Udaipur. Outra cidade no Rajastao. Linda. Mas como dizer, depois de Jaisalmer ja nao precisava ver nada... Nao tinha vontade de turistear por ai. JA vi suficientes contrucoes lindas, tipicas da India. Lagos tambem. Esta certo que Udaipur tem um lindo palacio no meio do lago, mas nem isso tinha muita vontade. Pelo qual voltei a Pushkar.

Por que? De novo? E, pois descobri que de Ajmer, uma cidade pertinho de Pushkar, sai um trem para o sul. Para o extremo sul. Dai que por alguma obra do acaso consegui uma passagem. Obra do destino porque o tem ja estava totalmente cheio. Nem quota de turista tinha mais. Mas consegui. E acabei descendo em Gokarna.

Gokarna esta no estado de Karnataka, na costa do Mar Arabico. Gokarna em si e uma vliazinha agradavel, com lojas e praia. Mas os turistas ficam mesmo nas praias ao redor. Fiquei na primeira, Kuddle Beach, para mim a melhor. Sem tantos vendedores ambulantes nem tantos indianos querendo checar as mulheres em bikini. Embora ate seja engracado ver a cara deles. Nas praias seguintes, de quando em quando e com sorte se podem ver golfinhos.

Pois algo de sorte tivemos. Porque depois de 1 1/2 horas de caminhada chegamos a Paradise Beach. Uma prainha pequena e agradavel, bem escondida entre as pedras. Algumas Guest House e dois ou tres restaurantes. Ao fundo, 1 km de distancia, golfinhos divertindo-se na agua. E logo antes de irmos embora, de barco, uma cauda a uns 20 metros nos acenou adeus. Lindo demais.

Todas essas praias tem algo em comum. Primeiro, claro, o calor. Quase insuportavel. E olha que sou brasileira. Depois a falta de sombra. Nem meia sombra para se esconder. E ninguem aqui aluga guarda-sol. Nao, essa grande descoberta ainda nao chegou aqui. Tambem nao se pode esconder embaixo das palmas e coqueiros ja que as guest house e restaurantes estao ali. Ou seja, ou se passa o dia comendo ou se esconde dentro do quarto.

Mas vale a pena. Uma linda praia. Lindas ferias. Mar de aguas escuras e tranquilas. Nada de ondas. Tambem nada de vento para ajudar a refrescar, mas enfim, nada e perfeito. Nem mesmo a India.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Tanto tempo sem escrever que nao sei nem por onde comecar... O festival de yoga de Rishikesh terminou e ficou a sensacao de quero mais. Pensava em ir ao Nepal depois do festival mas acabei mudando meus planos. No ultimo dia de Rishikesh aproveitei para despedir-me em alto estilo. Fui com duas amigas a cachoeira. Limpa, linda, ate para mergulhar deu. De bikini ja que nao havia nenhum indiano por perto. Um dia perfeito de sol, um lugar perfeito para meditar, para dizer adeus ao paraiso. Para desapegar da sensacao de casa que Rishikesh me despertou.

Um dia depois peguei um onibus para Pushkar. Cheguei pensando o que vim fazer aqui? Por que vim para essa cidade totalmente dedicada a compras? Pushka era uma cidade linda ha alguns anos, quando havia um lindo lago no centro e um fantastico por do sol. Hoje do lago so existe o buraco. Segundo uma das historias, tiraram a agua de dentro, para limpar o lago, que estava com 75% da capacidade cheio de areia. Tiraram a areia. Quando voltaram a colocar a agua, a terra absorveu. E o lago, no meio do deserto, ficou so no buraco. Ha 4 anos que nao chove... A cidade ainda e sagrada, e sempre o sera, claro. Diz a lenda que Brahma deixou, com suas maos, cair tres flores sobre a India, 3 lugares sagrados,3 Pushkar. A que fui e a mais importante, reune deserto, montanhas, verde e agua. Bom, isso ha alguns anos atras.

Mas acontece que Pushkar nao e so compras, foi o que descobri. A cidade em si e para os compradores. Lojas, lojas e mais lojas. Gente, gente e mais gente. Mas em Pushkar encontrei inesperadamente um amigo que conheci em Rishikesh. Juntos alugamos uma moto e nooossa, nem sei explicar. Nos adentramos nas aforas da cidade. O deserto a volta. Partes incrivelmente verdes, trabalhadas pelas maos humanas.

E as pessoas, os olhares mais penetrantes que jamais vi. As mulheres, desde cedo, trabalhando duro no campo, casadas, com filhos. Poucos sorrisos nas fotos, mas coracoes enormes se abriam. Pouco a pouco os sorrisos surgiam. Meninas timidas tocavam meu cabelo. Me abracavam como amigas antigas. Nao sei se ja haviam visto gente branca. Continuo sem saber.

Em um lugar nao tao longe nos receberam como familia. Nos ofereceram chai. Passamos a tarde conversando. Eu tinha a sorte que meu amigo sabia falar hindi. Nao queriam que fossemos embora. Que voltassemos todos os dias para sentar, comer, tomar chai, conversar. Ao lado da terra uma montanha se erguia. No topo da montanha um templo. La fomos ver o por do sol. O mais incrivel dos ultimos tempos. Aos nossos pes se extendia o deserto e o silencio. O ceu nos abracava. A noite chegou e nao queriamos descer. A terra se misturou com o ceu, ambos negros, estrelas no ceu, luzes na terra, a lua nos iluminava a descida.

Foi como descer do paraiso. Foi como abrir mao do ceu. Voltar para a cidade barulhenta. Voltar para o paraiso das compras. Enfim, voltar a terra.

De Pushkar vim para Jaiselmer. Ainda mais desertica, mais perto da fronteira com o Paquistao. Aqui fiz um Camel Safari. Dormi no deserto, em meio as Dunas. Separando-me da areia apenas um plastico. Separando-me do ceu, uma montanha de mantas. A lua quase cheia nos observava la em cima. Vi cervos correndo aqui e acola. Vi aguias voando baixo no nascer do sol. Andar a camelo nao e tao confortavel, os pes balancando la em cima. O movimento demasiado forte, pra ca e pra la. Ao final ja quase queria pedir arrego, prefiro caminhar.

Jaiselmer tambem e conhecida como Golden City. Muitas construcoes em pedra. Detalhes esculpidos na propria pedra, flores, petalas, mandalas. Coisas so possiveis na India. So possiveis ha muito tempo, quando as pessoas tinham tempo para dedicar-se a construir obras perfeitas. Uma parte da cidade esta dentro de muralhas. Templos e palacios a enfeitam. Como uma cidade saida das 1001 noites.

O deserto em volta a silencia, majestosamente refletindo o poder do sol.