segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O tempo

tenho sentido o tempo passar, tic taqueando, escoando, cobrando cada segundo da minha vida. As vezes tento pará-lo, quando inesperadamente sinto o cheiro de uma flor, quando o céu parece estar mais azul, quando fico em silêncio...As vezes tento fazê-lo passar mais rápido, quero que um dia específico chegue de uma vez, quero o fim de semana, quero férias. Mas o tempo ninguém controla. O tempo nos controla a nós.
Podemos contar as novas rugas que nascem. Mas também podemos contar mais histórias, mais experiências, uma linha de expressao para cada uma delas.
Lembro de que quando era pequena nao conseguia me imaginar mais velha. Hoje, mais velha, pouca coisa consigo lembrar de quando era pequena. Mas as vezes tenho a sensaçao do tempo nao ter passado, de eu ter passado pelo tempo. De ser a mesma, sempre. Por dentro. E por fora ter desenvolvido formas de lidar com as coisas para ser aceita pelo mundo.
E a criança, aquela que realmente sou, está adormecida, junto com o tempo, me esperando acordar para descobrir que o tempo nao existe, que o tempo nao passa, que as rugas de expressao sao ilusao criada pelo espelho.
Esperando eu acordar do sonho, acordar e ver que sigo sendo a mesma criança de antes, a mesma bicuda, bicho do mato, mas capaz de se abismar com as coisas mais pequenas.