quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Depois de longas 12 horas de viagem, finalmente chegamos a Rishikesh. Deixa eu contar algo sobre o que e viajar de onibus na India...Pense no que seria entrar em um liquidificar e talvez consigar imaginar o que e. Parece ser que os freios so funcionam em horas pre-determinadas, nao consigo achar outra explicacao. A velocidade e constante, vai buraco, vem buraco, desvia de carros, gente e vacas, nao interessa, o freio nao e usado. E la vai voce sacudindo, sem parar, nada de suspensao a ar ou coisas do genero. E pra quebrar a coluna de qualquer um. E mesmo viajando a noite, dormir que e bom, muito dificil.

E ainda por cima Dharamshala tem um unico defeito. O chegar e o ir embora. Pensem que e uma cidade no meio das montanhas, la no alto. Quase a Serra de Petropolis, curvas e mais curvas em alta velocidade. E la vai voce, olhos fechados e mao no estomago: Vomito? Nao, agora nao.. Ih, acho que agora vai! Nao, acaba que nao... E assim por diante. A primeira parada e chegar ao paraiso. Terra firme e ate janta sendo oferecida. Mas quem, em sa consciencia, consegue jantar com o estomago tao embrulhado?

Algumas horas de viagem e mais um pit stop para usar o banheiro. E algumas outras horas e voce nao ve a hora de parar de novo para voltar a fazer xixi (te digo, isso de sacudir muito faz as aguas do corpo baixarem). E nada de parar. Voce ja ta quase gritando, para pelo amor de Deus, e nada. Ah, enfim, uma parada. No meio do nada, alguem vai descer. Escuta, pergunto eu, olhando em volta, nao tem banheiro por aqui nao? Nao, respondem. E vai ter alguma outra parada para usar o banheiro, volto a perguntar. Tem nao. Ah, o matinho e uma otima opcao. E sai todo mundo do onibus (pelo menos nao sou a unica) e o matinho escondido vira um banheiro femenino ao ar livre.

Tres horas mais e chegamos a Rishikesh. Ver o Ganges limpinho ja vale a pena todo o sacrifiio da viagem. Aguas verdinhas e calor para compensar o frio passado no onibus (me salvou meu cobertorzinho tibetano). Largamos as mochilas em um hotel que nao gostamos e vamos em busca de algum lugar melhor. Preferencialmente um ashram. Depois de muito andar encontramos um, que seria legal se nao quisessemos fazer mais nada alem da yoga, porque tem um schedule fixo e tres comidas incluidas. Mas, honestamente, queremos passear, comer fora, sei la. Procuramos mais. Vamos ate a proxima ponte, ali, com calor, sentamos na beira do Ganges e colocamos os pes dentro. Ate vi peixes saltando. No final resolvemos ficar num hotel pequenino e voltar a procurar um ashram com mais calma e menos cansadas.

Ao entardecer fomos a uma Puja (como um ritual de oferendas) ao rio Ganges. Um montao de gente reunida cantando mantras e oferecendo velas e flores ao rio. Um espetaculo. Ao mesmo tempo e na frente, um casamento. Os mantras da Puja e a musica do casamento lutando entre si para serem escutados. No casamento todos muito bem vestidos. Ate fogos de artificio. Claro que ficamos ate bem depois de terminada a Puja na expectativa de ver a noiva. Afinal, aquele nao era um casamento qualquer. La estavamos nos, ainda esperando ate que uma se da conta que no lugar da noiva ha uma estatua. Espantadas perguntamos a alguem se aquilo nao e um casamento. Um casamento com Deus, respondem. Mais espantadas ainda ficamos, imaginando um homem casando com uma estatua e fazendo toda uma comemoracao para anunciar. Nao aguentando mais de curiosidade chegamos perto. E no lugar do noivo, uma outra estatua. Voltamos a perguntar. Um casamento entre os deuses, explicam, o casamento entre Krishna e Radha. Um casamento entre estatuas! Enfim...coisas da India!

2 comentários:

Guido Michaelis disse...

Mais claro que nunca que a genialidade e a loucura são praticamente a mesma coisa. Casamento entre Deuses, com estátuas no lugar dos noivos... HAUHEUHAUHEUHAUHEU

fios da terra disse...

Acho tudo mto pitoresco e interessante, só náo acho táo interessante a idéia do khumba mella com milhares e milhares destes geniais e loucos reunidos, eu preferia ver minha filha bem longe de tantos loucos reunidos.