quinta-feira, 16 de junho de 2016

Tem dias que me olho no espelho e a primeira reação é perguntar "quem é você?", dias em que simplesmente não me reconheço, dias em que o rosto do outro lado é de outra pessoa. O olhar, esse sim parece ser sempre o mesmo. Em dias como esse evito certos lugares da casa, evito a maldita janelinha que me faz realizar quão pouco conheço o ser que me encara. O olhar se torna arredio e tudo parece mais interessante que eu mesma. Em dias assim, a grande vontade é virar avestruz, onde esconder a cabeça embaixo da terra é tarefa fácil e aparentemente normal. Sonho de vida.... Quisera ser avestruz. Entro na internet, a melhor companheira das avestruzes humanas, em busca de passagens, procurando qualquer lugar para onde correr, tudo parece mais atrativo exceto o lugar onde estou. Tudo parece mais atrativo exceto a pessoa que sou. Ou a pessoa que deixei de ser, ou ainda aquela que temo assumir ser. Em algum momento foco meu olhar na tela, e lá está ela refletida mais sutilmente porém presente, observadora, me olhando lá do fundo de mim mesma, conhecedora de meus instintos, do funcionamento da minha mente. Olhos que não me julgam e por isso mesmo, pesam mais na alma. É então que resolvo encarar meu medo do espelho. Olho fixo, bem fixo para mim mesma, até as lágrimas saltarem dos olhos e finalmente me dou por vencida. Não sei quem sou, decido, mas aos poucos vou descobrindo.

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