quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Tanto tempo sem escrever que nao sei nem por onde comecar... O festival de yoga de Rishikesh terminou e ficou a sensacao de quero mais. Pensava em ir ao Nepal depois do festival mas acabei mudando meus planos. No ultimo dia de Rishikesh aproveitei para despedir-me em alto estilo. Fui com duas amigas a cachoeira. Limpa, linda, ate para mergulhar deu. De bikini ja que nao havia nenhum indiano por perto. Um dia perfeito de sol, um lugar perfeito para meditar, para dizer adeus ao paraiso. Para desapegar da sensacao de casa que Rishikesh me despertou.

Um dia depois peguei um onibus para Pushkar. Cheguei pensando o que vim fazer aqui? Por que vim para essa cidade totalmente dedicada a compras? Pushka era uma cidade linda ha alguns anos, quando havia um lindo lago no centro e um fantastico por do sol. Hoje do lago so existe o buraco. Segundo uma das historias, tiraram a agua de dentro, para limpar o lago, que estava com 75% da capacidade cheio de areia. Tiraram a areia. Quando voltaram a colocar a agua, a terra absorveu. E o lago, no meio do deserto, ficou so no buraco. Ha 4 anos que nao chove... A cidade ainda e sagrada, e sempre o sera, claro. Diz a lenda que Brahma deixou, com suas maos, cair tres flores sobre a India, 3 lugares sagrados,3 Pushkar. A que fui e a mais importante, reune deserto, montanhas, verde e agua. Bom, isso ha alguns anos atras.

Mas acontece que Pushkar nao e so compras, foi o que descobri. A cidade em si e para os compradores. Lojas, lojas e mais lojas. Gente, gente e mais gente. Mas em Pushkar encontrei inesperadamente um amigo que conheci em Rishikesh. Juntos alugamos uma moto e nooossa, nem sei explicar. Nos adentramos nas aforas da cidade. O deserto a volta. Partes incrivelmente verdes, trabalhadas pelas maos humanas.

E as pessoas, os olhares mais penetrantes que jamais vi. As mulheres, desde cedo, trabalhando duro no campo, casadas, com filhos. Poucos sorrisos nas fotos, mas coracoes enormes se abriam. Pouco a pouco os sorrisos surgiam. Meninas timidas tocavam meu cabelo. Me abracavam como amigas antigas. Nao sei se ja haviam visto gente branca. Continuo sem saber.

Em um lugar nao tao longe nos receberam como familia. Nos ofereceram chai. Passamos a tarde conversando. Eu tinha a sorte que meu amigo sabia falar hindi. Nao queriam que fossemos embora. Que voltassemos todos os dias para sentar, comer, tomar chai, conversar. Ao lado da terra uma montanha se erguia. No topo da montanha um templo. La fomos ver o por do sol. O mais incrivel dos ultimos tempos. Aos nossos pes se extendia o deserto e o silencio. O ceu nos abracava. A noite chegou e nao queriamos descer. A terra se misturou com o ceu, ambos negros, estrelas no ceu, luzes na terra, a lua nos iluminava a descida.

Foi como descer do paraiso. Foi como abrir mao do ceu. Voltar para a cidade barulhenta. Voltar para o paraiso das compras. Enfim, voltar a terra.

De Pushkar vim para Jaiselmer. Ainda mais desertica, mais perto da fronteira com o Paquistao. Aqui fiz um Camel Safari. Dormi no deserto, em meio as Dunas. Separando-me da areia apenas um plastico. Separando-me do ceu, uma montanha de mantas. A lua quase cheia nos observava la em cima. Vi cervos correndo aqui e acola. Vi aguias voando baixo no nascer do sol. Andar a camelo nao e tao confortavel, os pes balancando la em cima. O movimento demasiado forte, pra ca e pra la. Ao final ja quase queria pedir arrego, prefiro caminhar.

Jaiselmer tambem e conhecida como Golden City. Muitas construcoes em pedra. Detalhes esculpidos na propria pedra, flores, petalas, mandalas. Coisas so possiveis na India. So possiveis ha muito tempo, quando as pessoas tinham tempo para dedicar-se a construir obras perfeitas. Uma parte da cidade esta dentro de muralhas. Templos e palacios a enfeitam. Como uma cidade saida das 1001 noites.

O deserto em volta a silencia, majestosamente refletindo o poder do sol.

Um comentário:

Unknown disse...

caramba, que lindo relato, me emocionou, eu acho que vi as fotos já desse dia, incrível hein?!