tag:blogger.com,1999:blog-1206865784879141702024-03-05T04:26:06.636-08:00Diario de bordo - Matutâncias da VidaAnonymoushttp://www.blogger.com/profile/03062779217116753237noreply@blogger.comBlogger49125tag:blogger.com,1999:blog-120686578487914170.post-57273567022826134582016-08-31T08:28:00.001-07:002016-08-31T10:47:00.862-07:00Irmã<p dir="ltr">Admiro essas pessoas que depois de viverem circunstâncias difíceis têm a força não só de seguir adiante, mas de se sacudir e seguir na batalha. </p>
<p dir="ltr">Minha irmã é uma dessas. Faz algum tempo se mudou 7 vezes em um mesmo ano, de casa em casa, procurando um lugar seguro para ficar. Um lugar para chamar de lar. Ainda não encontrou... </p>
<p dir="ltr">Eu tenho sorte pois o lugar em que sempre quis viver sempre esteve aberto para mim, já ela tem que lutar pela vida até encontrar o seu. Eu quero correr pra concha e me esconder, ela tem a coragem de enfrentar. Eu quero voltar pro casulo, ela abre as asas e voa.</p>
<p dir="ltr">Minha irmã sempre foi minha companheira, nos altos e baixos, irmã na vida, irmã na alma, dividimos muitos (demasiados) dos mesmos karmas. Era ela que vinha colocar panos quentes para que eu não saísse com olho roxo, era ela que vinha apaziguando para eu poder ir em uma viagem, era ela que não me deixava provocar ainda mais uma ira sempre a espreita que só esperava um pequeno movimento para justificar sua presença. Ela fazia isso por mim, eu fazia o mesmo por ela.</p>
<p dir="ltr">Mas ela veio antes, desceu primeiro lá do céu, escorregando entre as nuvens e veio abrir caminhos, mostrando por onde eu poderia passar com segurança. Ser irmã mais velha tem seus pesos e tudo que eu aguentei, ela aguentou mais. Houve uma época em que brigávamos entre nós, talvez sem saber como escoar nossas frustrações. Foi ela que um dia disse que éramos mais fortes juntas.</p>
<p dir="ltr">Minha irmã nunca me deixou, nunca tive dúvidas de que estava comigo e sempre me defendeu e tomou o meu lado nas disputas. Minha irmã, assim como eu, teve que aprender a baixar a cabeça e esperar a tempestade passar, a engolir as palavras, a emudecer os pensamentos, a camuflar a personalidade.</p>
<p dir="ltr">Tem horas que quero gritar, chorar e socar tudo à minha volta porque parece não ter justiça no mundo. Queria ser rica, milionária, para poder dar pra ela a casa dos sonhos, o <u>carr</u>o dos sonhos, tudo o que ela quisesse para que não precisasse estar sempre na insegurança. Queria poder dar tudo e um pouco mais. E aí me vem ela à cabeça, com sua voz suave, ela que fala tão baixo que tem que reclamar que ninguém nunca escuta, me dizendo que se nega a ser vítima, que nenhuma de nós é, pelo contrário, somos Mulheres, e muito mais Mulheres porque sabemos seguir adiante, tentando não guardar rancor, invocando a compaixão.</p>
<p dir="ltr">Minha irmã é mais forte do eu jamais poderia sonhar ser, ela é a prova que suavidade não é e nunca será antônimo de força. Ela é água e eu somente pedra dura....</p>
<p dir="ltr">Te amo sis</p>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/03062779217116753237noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-120686578487914170.post-63137832104953170452016-08-30T04:52:00.001-07:002016-08-30T09:35:14.039-07:00Sobre o medo e a coragem<p dir="ltr"><u>Estamos</u> acostumados a esconder as partes difíceis da vida, a fingir que tudo é sempre perfeito, a colocar embaixo do tapete os tabus, bem discretos para ninguém perceber; assuntos proibidos, sussurrados, engolidos, ou melhor, tragados. No rosto apenas um sorriso para ninguém perceber que lá dentro virou tudo geléia.</p>
<p dir="ltr">Digo porque vivi isso a cada dia por muitos anos. E até hoje sofro com isso.</p>
<p dir="ltr">O medo é algo estranho, provoca reações diferentes em cada pessoa. E algumas acham que conseguem se impor ao gerar medo nos outros, como se assim pudessem controlar um pouco do mundo ao redor, as atitudes e formas de ser, como se não soubessem lidar com formas diferentes da sua própria. E o medo é capaz de fazer você se encolher, capaz de fazer você querer ficar invisível, desaparecer, ser tão pequeno a ponto de se tornar imperceptível, transparente. Algumas pessoas se alimentam disso. </p>
<p dir="ltr">Elas vem para cima, crescem o corpo, sobem a voz, grudam o nariz no seu e te ameaçam com um olho roxo. Ou mais de um. Ninguém gosta de se sentir ameaçado, ninguém gosta de sentir o corpo ameaçado. E posso dizer por experiência própria que o coração bate mais rápido e as pernas tremem, a vontade é de correr para longe, se esconder embaixo da cama. </p>
<p dir="ltr">Mas faz um tempo decidi que meu espírito é bem mais forte que meu corpo, podem me ameaçar, não me importo com um olho roxo, mas nunca mais vou me encolher tanto a ponto de não saber quem ou o que sou só para que uma pessoa mal resolvida possa viver mais em paz. Faz tempo decidi que o medo não ia me vencer. </p>
<p dir="ltr">Faz tempo comecei a peitar e desafiar porque descobri que o medo do outro é maior que o meu. Descobri que eu, pequena do jeito que sou, de alguma forma e por motivos não compreensíveis represento uma ameaça para outras pessoas, simplesmente por não ser da maneira que elas querem. Seria mais fácil se fossem pessoas desconhecidas, não importaria nada né, mas daí isso não faria tão intrinsecamente parte mim. E faz.</p>
<p dir="ltr">Ameaças e chantagens de força física não são novidades na minha vida. E embora eu possa dizer que não sou uma linda iluminada super fácil de lidar, não existe nenhuma justificativa para certos tipos de atitudes, ainda mais quando estas de repetem rotineiramente.</p>
<p dir="ltr">Ontem tive meu celular despedaçado, tive meu espaço pessoal muito mais que invadido, tive uma mão que aproximou do meu pescoço quando empurrei a pessoa que me ameaçava para trás, senti minha barriga gelar, senti o prenúncio de violência, mas acima de tudo senti aquela coragem, mantive minha voz no lugar, a força lá de dentro dizendo para eu não me encolher, que eu sou mais forte, que todAs nós somos mais fortes. Podem me ameaçar, podem me bater, mas jamais me quebrar.</p>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/03062779217116753237noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-120686578487914170.post-5327556824145872442016-08-28T05:08:00.001-07:002016-08-28T06:42:26.691-07:00Aventureira<p dir="ltr">Por algum motivo idiota e incompreensível a nossa sociedade acha necessário que as pessoas se definam. Aparentemente é preciso saber quem se é para poder de fato ser alguma coisa. Faz sentido? Não. Mas é assim. Ridículo.</p>
<p dir="ltr">Enfim, partindo deste preceito, andei matutando sobre as minhas definições (malditas sejam!) e cheguei à conclusão que uma das mais fortes  é que as pessoas tendem a me considerar aventureira. E claro que têm base para isso, e!bora eu siga me considerando a pessoa mais medrosa do universo! O problema é que quando as pessoas e você mesmo criam expectativas sobre aquilo que você é e como deve agir fica bem mais difícil mudar ou assumir a mudança né. </p>
<p dir="ltr">E deixa eu dizer que muito embora eu tenha viajado bastante e certamente não negaria uma viagem a algum lugar paradisíaco se me fosse oferecida (quem não?) a vontade de bater pernas pelo mundo parece diminuir na mesma proporção que minha sabedoria aumenta (sonho meu rsrsrs). </p>
<p dir="ltr">Verdade que ocasionalmente os pés coçam e minha tendência é fugir pra bem longe a cada vez que as coisas não acontecem como eu gostaria (aparentemente minha mente é maravilhosa e funciona perfeitamente exceto quando deveria prever o futuro), mas cada vez menos quero passar meses a fio longe do lugar que é minha casa. Cada vez menos que ir pra extremamente longe e nunca mais voltar. Talvez tenha a ver com a idade, maturidade ou simplesmente a alma canceriana lutando para vir à tona e suplantar um pouco do espírito aquariano rebelde.</p>
<p dir="ltr">Por um motivo ou outro a ideia de ter uma tiny house no paraíso (ahã, até parece, rsrsrs) parece bem mais promissora ou mais romântica que seguir caminhando eternamente mundo afora (não que uma coisa impeça a outra). </p>
<p dir="ltr">Asas nos pés foi o que ouvi dizer sobre mim, mas a verdade é que não interessa para quão longe minhas desilusões me levem, a volta para casa é sempre certa.<br><br></p>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/03062779217116753237noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-120686578487914170.post-48103648996475387292016-06-16T05:23:00.001-07:002016-06-16T11:48:37.377-07:00Tem dias que me olho no espelho e a primeira reação é perguntar "quem é você?", dias em que simplesmente não me reconheço, dias em que o rosto do outro lado é de outra pessoa. O olhar, esse sim parece ser sempre o mesmo.
Em dias como esse evito certos lugares da casa, evito a maldita janelinha que me faz realizar quão pouco conheço o ser que me encara. O olhar se torna arredio e tudo parece mais interessante que eu mesma. Em dias assim, a grande vontade é virar avestruz, onde esconder a cabeça embaixo da terra é tarefa fácil e aparentemente normal. Sonho de vida.... Quisera ser avestruz.
Entro na internet, a melhor companheira das avestruzes humanas, em busca de passagens, procurando qualquer lugar para onde correr, tudo parece mais atrativo exceto o lugar onde estou. Tudo parece mais atrativo exceto a pessoa que sou. Ou a pessoa que deixei de ser, ou ainda aquela que temo assumir ser.
Em algum momento foco meu olhar na tela, e lá está ela refletida mais sutilmente porém presente, observadora, me olhando lá do fundo de mim mesma, conhecedora de meus instintos, do funcionamento da minha mente. Olhos que não me julgam e por isso mesmo, pesam mais na alma.
É então que resolvo encarar meu medo do espelho. Olho fixo, bem fixo para mim mesma, até as lágrimas saltarem dos olhos e finalmente me dou por vencida.
Não sei quem sou, decido, mas aos poucos vou descobrindo.
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/03062779217116753237noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-120686578487914170.post-74297240638146276262012-11-13T07:36:00.000-08:002012-11-13T07:37:36.640-08:00Compaixão<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br /></div>
Ser gente não é coisa fácil. Pelo contrário, acho que esse é o grande desafio dessa divina comédia que representamos. Alguns, porém conseguem exercer seus papéis com tal destreza que são fonte de inspiração para o resto de nós, mortais.
Alguns diriam que o ser humano é o único com a capacidade de mudar suas próprias atitudes. Às vezes me pergunto se realmente somos ou se simplesmente precisamos que a própria vida nos mude. Digo com base na minha própria experiência - embora tenha algumas outras pessoas passando pela minha cabeça nesse momento.
Sou daquelas que está sempre em chispas, pareço sempre ter fogo saindo, só falta a fumacinha em cima da minha cabeça. Sempre disposta a atacar e a franzir o cenho. Sempre disposta também a pedir desculpas, porém. Mas de que adianta sentir remorso a cada dois por três?
Foi buscando um pouco de inspiração que fui atrás das palavras do Dalai Lama, esse ser que me sempre me faz sorrir. Existe alguém mais fofo? Procurei alguns vídeos, mas nessa minha internet pareço estar vendo novela, exceto que nas pausas não sou obrigada a ver nenhum comercial, mas tem a semelhança que normalmente não consigo chegar no final.
Enfim, escolhi dois e me armei de paciência e de outras coisas para fazer. Ver em lapsos temporais tem a sua vantagem, te dá tempo para pensar naquilo que foi dito, tempo para absorver.
Devo dizer que acredito que todo temos a sabedoria dentro de nós mesmos, porém que poucas vezes conseguimos acessá-la. E muitas vezes sentimos que já sabemos tudo aquilo, que apenas havíamos esquecido.
Podemos fugir de qualquer coisa nessa vida, exceto de nós mesmos. E qual inimigo é pior do que aquele de quem jamais conseguimos escapar? Não basta ter amor e carinho - que é o que geralmente sentimos por amigos e familiares - é necessário ter compaixão. Compaixão que nos faça lembrar que o outro também tem seus problemas e dificuldades, que o outro tampouco consegue escapar de si mesmo, que estamos todos atrás de um mesmo objetivo porém que cada um tem seu próprio caminho. E que embora esses caminhos pareçam divergir completamente e inclusive gerar inumeráveis conflitos, jamais esquecer que o destino é sempre o mesmo.
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/03062779217116753237noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-120686578487914170.post-82171733426108544882012-08-04T05:27:00.000-07:002012-08-04T05:27:06.354-07:00Sobre as OlimpíadasOlha, vou falar uma coisa, adoro Olimpíadas, gosto muito de torcer gritando, ainda que a televisão não consiga me ouvir. Sofro quando os atletas brasileiros caem, erram, desanimam, meu coração acelera, mesmo estando a milhares de quilômetros de distância.
Mas essas Olimpíadas estão sendo decepcionantes, não tem outra palavra para descrever. Acho que nem lembramos mais o que é ganhar medalhas, o sabor delas. Por outro lado, sempre que ganhamos me sinto mal por aqueles que perderam. Não existe justiça nesse mundo, todos treinam com o mesmo afinco, mas nem todos tem patrocínio ou excelentes treinadores. E nem todos tem um país que investe em esporte já na escola - o Brasil se encaixando nesse perfil, claro.
Claro que pensei logo em uma teoria da conspiração. A Globo comprando os resultados negativos das Olimpíadas do Brasil para tentar diminuir a audiência da Record e talvez assim ter menos competição na hora de comprar os direitos de transmissão das Olimpíadas de 2016...
De qualquer maneira, olhando de um ponto de vista mais realista, é bom que as medalhas sejam escassas. Quem sabe assim a gente pare de nos contentar com ver os esportes e fingir que nosso país é uma maravilha e comece a dar mais atenção ao que realmente importa, quem sabe assim a gente consiga fazer que diminua a corrupção e que invistam em educação. E então, via saber, de repente as medalhas se proliferem nas Olimpíadas seguintes.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/03062779217116753237noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-120686578487914170.post-64657521463163852022012-08-01T12:46:00.000-07:002012-08-01T14:19:03.558-07:00Sobre a vida no campoQuando falo que moro fora da cidade, no meio do mato, longe do trânsito e caos diário, a maioria das pessoas fala que sou sortuda, que sonham em fazer o mesmo. A gente fala em campo e aparece na nossa cabeça a imagem de uma linda casa, perfeitamente decorada no estilo rústico, cercada de uma grama perfeita e um jardim bem cuidado. Uma linda horta, toda cheia de lindos tomates e alfaces e você naquela roupa linda que viu naquela revista, com aquele chapéu de palha perfeito para te proteger do sol e da poeira. E por mais que você segure um cesto cheio de verduras fresquinhas e orgânicas, seus dedos e unhas estão impecavelmente limpos. Bucólico, não?
Cena de filme. Mas prepare-se, aqui vai a realidade...isso é somente propaganda de revista. A roupinha arrumadinha e limpa que você imaginou fica esquecida no fundo do armário sob pena de virar pano de chão já no primeiro uso. As unhas, melhor desistir de tê-las grandes ou pintadas, isso não é para quem trabalha com a terra. Os dedos vão sujar, e as unhas só vão voltar a ficar limpinhas depois de uma boa esfregada. Sabe aquela bota de couro que você imaginou que seria perfeita para essa ocasião? Esquece, vai estragar, você precisa mesmo é daquelas botas feias de borracha, assim não corre risco de ser picada por nenhuma cobra. E nada de achar que vai poder usar aquele vestidinho florido, suas pernas vão ficar arranhadas e ainda tem o risco de passar em uma moita cheia de micuins.
E aquela grama tão verdinha? Esquece, seu tempo vai ser mais útil tirando as pragas que invadem a sua horta que fazendo o capim ficar baixinho. As flores sim, essas é fácil de conseguir, pelo menos isso.
O chapéu de palha, melhor deixar do lado de fora também, vai te atrapalhar na hora de se agachar na terra e remexer nos canteiros, e se tiver vento você vai acabar precisando segurá-lo com a sua mão imunda de terra e de esterco. E o cabelo, nada daquela trança maravilhosa que você viu naquela novela, vai ficar bagunçado e suado. Casa de campo não é nada parecido com a imagem que compramos dos filmes, - a não ser, é claro, que você tenha dinheiro suficiente para pagar alguém para cuidar diariamente da sua horta e do seu jardim - tem que por a mão na lama, pegar na enxada e ainda rezar para não ficar com a mão tão calejada que seu carinho vai parecer mais é exfoliação.
Mas não desista desse sonho, se você se esforçar bastante, vai se sentir extremamente bem recompensada no final do ano quando conseguir encher seu cestinho com meia dúzia de alfaces, uns dez tomates, duas mini berinjelas, - produto orgânico é assim mesmo - alguns alho porós, beterrabas e couves e se der ainda mais sorte, não vai ter nenhuma paca comendo seus inhames e mandiocas.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/03062779217116753237noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-120686578487914170.post-90808052723062616602012-07-14T12:31:00.001-07:002012-07-14T12:31:46.599-07:00LuzUma pessoa com mil nomes, mil faces, mil pessoas dentro de mim. Porque eu não sou nada mas tenho tudo no meu interior, um pouco de cada coisa, de todo mundo. Posso ser Maria, Cristina, José, posso ser um pedra ou a água, está tudo lá, então como posso ser apenas uma pessoa? Sou luz, mil, um bilhão, infinitas partículas de luz existem no meu corpo. E ao meu redor. E em todo mundo,em todos os lugares. Sempre as mesmas partículas. Todas partes do mesmo Um. Sou maior que esse corpo que me delimita. Sou maior que essa Terra que habito. E não sou nada. E por isso sou livre.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/03062779217116753237noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-120686578487914170.post-10685474824970185002012-07-13T08:43:00.001-07:002012-07-13T08:45:29.989-07:00Sexta-feira 13Ok, vamos falar de sextas- feira 13...Para quem nasceu em um dia 13, como eu, essa crença de que sexta-feira 13 dá azar para de ter sentido, até porque é impossível escapar da fatalidade que seu aniversário vai, de quando em quando, cair nessa data..Por outro lado, saber que em outros países, o tal dia não é na sexta senão na terça, faz a gente perceber que o 13 é o fator comum e, ainda por cima, nos dá a incrível possibilidade de ter aniversários azarados ainda mais vezes.
Certo, como eu dizia, quem nasce em um 13, deixa de acreditar nessas coisas - ou não? Vamos dizer que já tive aniversários bastante azarados, embora não lembre com exatidão o dia da semana em que caíram - mas pensando que tenho dois dias da semana para ter azar num dia 13, vamos dizer que a probabilidade de ter sido em um desses aumenta, né?
Mas por que estou falando disso quando na verdade queria era colocar aqui um receita deliciosa que pensei em fazer para o almoço dos meus trinta anos, hoje? Porque tinha já feito tudinho na minha cabeça, uma linda abóbora recheada de truta defumada ao creme branco e queijo. Já até tinha feito o molho, tudo lindo. Minha irmã comprou a abóbora, orgânica, tirada da horta de algum vizinho, e eu a pus dentro da panela para ferver um pouco. Até aí, perfeito,né? TIrei a abóbora da água e fui, com a ajuda de Mamis, mais experiente nessa receita, cortar a tampinha para colocar o recheio e levar ao forno. Para minha grande surpresa, a abóbora tão redondinha e linda tinha um enorme furo embaixo e ainda por cima estava bichada e com partes podres.
Pronto, quem é que merece, no dia do próprio aniversário, além de ter que limpar a própria casa e cozinhar o próprio almoço, ter que fazer macarrão?
Por outro lado, a culpa deve ser inteiramente minha, que tive a infeliz ideia de fazer ABÓBORA (como não percebi isso antes?) em plena sexta-feira 13. Parabéns para mim!Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/03062779217116753237noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-120686578487914170.post-85417852725201928762012-07-05T11:12:00.001-07:002012-07-05T11:12:55.510-07:00A volta à EssênciaFalando de simplicidade me vem a mente a Etiópia. Eu e uma amiga fomos em um mosteiro fora do roteiro turístico - e a Etiópia não é um lugar muito turístico, então só imagina onde fomos parar... Foram 4 horas de caminhada, o guia saltitando à nossa frente, tão ágil como uma cabra, e cada uma de nós com 15 quilos nas costas, descendo montanhas e mais montanhas, em trilhas secas e escorregadias, em beiras de penhascos - e não ajuda o fato de estar usando um nike com a sola mais lisa que picolé de frutas. A paisagem, claro, fantástica, mas a preocupação de fazer um voo fatal me tirava do sério.
Enfim, quando o mal humor já era parte de mim há mais tempo do que gostaria de confessar, chegamos a um pequeno vale, com algumas cabanas feitas de madeira e pau a pique. Olha, não sei se as varas verdes tremem, pois nunca vi nenhuma, mas considero que naquele dia entendi a expressão porque as pernas tremiam tanto que era difícil ficar em pé.
Um padre veio nos receber, boquiaberto, éramos as primeiras mulheres brancas a chegarem ali. Explicamos, através do guia, obviamente, que queríamos ficar ali e nos foi dado o estábulo, o único lugar que sobrava ali. Dormíamos olhando as estrelas através das paredes de galhos. O único porém foram as pulgas, essas me assaltaram pelo resto da viagem, sem trégua, mas prefiro romantizar e não lembrar delas.
Do outro lado do riacho moravam as mulheres, e no dia que fomos visita-las, nos sentaram em um quarto cheio de teares, e nos encheram de comida - deviam achar que não nos alimentávamos bem porque certamente não era normal que duas pessoas jovens como nós tivessem tanta dor nas pernas só por causa de uma caminhada. Nossa única comunicação eram mímicas e risadas.
Os pés calçados em chinelos gastos, o corpo em roupas remendadas. As casinhas, ou melhor, quartinhos onde moravam, de pau a pique a chão de terra batido. A cama, apenas um cobertor sobre o chão e um mosquiteiro para proteger. Algumas panelas, um ratinho correndo daqui para lá, e só.
Mas tinham tudo o que precisavam , vaquinhas para tirar leite e fazer ricota, banana, milho e o grão que faz a farinha fermentada deles - tefl, ou algo do gênero. De que mais precisavam?
Quando íamos embora uma das monjas nos fez massagem nas pernas ainda doloridas. O fez com o mesmo amor que recebeu lambidas carinhosas de uma vaca. Dei meu xale para agradecer, dei meu chinelo, teria dado tudo, mas ela não queria nada, foi difícil fazê-la aceitar qualquer coisa.
Foi ali que entendi o que era viver uma vida sem precisar de muito, porém sem tantas preocupações e desejos. Foi ali que vi a simplicidade, não só da vida, também da alma. Ali foi onde compreendi a verdadeira felicidade.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/03062779217116753237noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-120686578487914170.post-1853098612976526902012-07-04T12:32:00.001-07:002012-07-04T14:39:45.948-07:00O que você quer ser quando crescer?Quando era pequena me perguntavam o que eu queria ser quando crescesse. E eu respondia: veterinária! Minha irmã dizia que seria bailarina, um amigo, bombeiro. Quem não sonhou em ser fotógrafo, piloto de avião, modelo, sei lá?
Porém o que ninguém parecia se dar conta era que nossa resposta era o que queríamos FAZER. Ninguém É engenheiro, as pessoas fazem engenharia; é uma profissão e não definição de caráter. Somente descobri a diferença entre um e outro depois de adulta e nessa época meu fazer era viajar e aprender com a vida.
Depois de perceber que o que sonhava ser desde criança não me faria feliz, me perdi. Como se pode fazer uma escolha quando as possibilidades são infinitas? Foi então que descobri o que eu queria SER e o entendimento do que fazer veio junto, automático, perfeitamente claro.
Tendemos a definir nossa personalidade a partir de nossa profissão. Fazemos aquilo que esperam de nós ou o que nos dará uma boa imagem, ou algo que nos faça sentir parte da sociedade. E esquecemos que antes deveríamos ter escolhido como queremos ser.
No meu caso para me sentir feliz (e realizar o que quero ser), devia simplificar minha vida. Ao precisar de menos coisas, precisaria também passar menos horas trabalhando para consegui-las. E o tempo restante poderia dedicar ao ser.
Não seria muito mais interessante se apresentar dizendo: Oi, sou fulaninha de tal, sou compreensiva, em vez de dizer Oi, sou fulaninha de tal, sou médica?
Portanto, para aqueles que se sentem perdidos, aqui vai meu conselho, vindo de quem já passou pelo mesmo... Sejam, acima de tudo, felizes e descubram o necessitam para se-lo. O resto é consequência.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/03062779217116753237noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-120686578487914170.post-43886658337602461772012-07-02T08:30:00.001-07:002012-07-02T08:30:50.377-07:00Cientista da almaEla era algo meio assim, etéreo, difícil de definir. Podia parecer com qualquer pessoa, e também era totalmente única. Tinha dias que era difícil reconhecê-la, apesar do físico ser sempre igual, era algo relacionado a atitude.
Ninguém a entendia muito, porém ela pouco se importava. Dizia que era uma pesquisadora, embora nunca tivesse entrado em um laboratório e injetado substâncias estranhas em ratos. Andar com ela era como andar com alguém que sofre de amnésia. Mas não é que ela esquecia das coisas, pelo contrário, tinha uma memória excelente. Parecia esquecer sua reação à fatos vividos, ou do que gostava e do que não.
Tudo começou numa manhã em que acordou de mal-humor, daqueles pesados, feios, com espinhos nas bordas, arranhando a quem se aproxima. Passou uma semana inteira assim, nem nenhuma razão. Estava tão chata que ela mesma não se suportava e decidiu se trancar no quarto até aquilo passar. E demorou. Mas ela achou uma solução.
Tudo porque sonhou com um varal, cheio de roupas, velhas, novas, cinzentas, coloridas, roupas que balançavam no vento, e alguém colhia as roupas, escolhendo umas aqui, outras ali, deixando algumas para trás.
Quando acordou do sonho, arregalou os olhos e riu. Decidiu, então criar seu próprio varal, só que em vez de pendurar roupas, colocaria atitudes, sentimentos, virtudes. Resolveu não só escolher a roupa que vestiria a cada dia, mas também sua personalidade. E tinha infinitas possibilidades a testar até chegar naquela que a agradasse totalmente.
Era então, a cada dia uma nova pessoa que saía do quarto. Se renovava, se recriava depois de cada noite.
Tentou a vaidade, pôs suas melhores roupas, pintou as unhas, escovou o cabelo, maquiou o rosto, e logo descobriu que a vaidade associada a uma atitude confiante era uma arma poderosa, capaz de virar cabeças e dobrar ideias.
Tentou o orgulho e o preconceito e foi difícil conviver com ela nesse dia, impossível tentar mostrar que estava errada. Para compensar, o dia seguinte foi dedicado à humildade e à doçura e parecia tão frágil que a vontade era de ficar a seu lado durante todo o dia só para protegê-la.
Pouco a pouco ela ia chegando às misturas apropriadas, em doses exatas, apesar de que sempre aparecia algo novo para testar. E vivia sorrindo pois chegara a conclusão que a felicidade era uma das poucas que podia ser usada em grandes doses sem contra indicações.
Dizia que como era feita de água e que a água era algo fluido e mutável, assim também era ela. Uma pesquisadora da vida. Cientista da alma.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/03062779217116753237noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-120686578487914170.post-65450379339426244832012-07-01T09:34:00.000-07:002012-07-01T09:35:20.981-07:00Com 2012 voando, o tão proclamado apocalipse se aproximando, - tempestades solares cada vez mais fortes, terremotos, tsunamis, sequias, a natureza parecendo estar em meio a um curto circuito - fiz um acordo com Deus.
Que fique claro que aquela visão de Deus como um senhor de barbas brancas e feições bondosas sentado em seu trono de nuvens macias não me convence em nada. Não consigo acreditar que um ser que criou um universo lindo e complexo como esse estaria calmamente observando lá de cima todo esse caos aqui embaixo, seu experimento científico, e ainda não ter percebido que isso aqui não funcionou, que ou põe a mão na massa para nos ajudar ou é melhor começar tudo de novo.
Portanto creio mais da visão de um Deus não como um Ser, senão como uma presença inerente em cada átomo do Universo. A mesma Presença que resolveu deixar de ser somente energia e vibrar o suficiente para criar a matéria.
Num dia de estresse onde olhei ao meu redor e tudo o que vi foi maldade e destruição, resolvi que tinha cansado de ser parte dessa brincadeira. Se Deus ainda não percebeu que essa experiência de Ser Humano saiu pelas culatras, eu já. E sendo que a Presença é inerente em cada um dos meus átomos, ainda que eu esteja totalmente inconsciente dela, decidi que isso tinha que mudar. Pois fiz um acordo. Com Deus, com a Presença, comigo mesma, tanto faz, dá na mesma. Dei um basta, já tive o suficiente, cansei de chorar, de sofrer por coisas passageiras para logo depois me alegrar como se nada tivesse acontecido, cansei de viver e reviver experiências parecidas e ver os outros ao meu redor passando pelas mesmas coisas.
Então, disse eu, ou Deus me ajuda a me iluminar, me auto realizar, nessa vida, ou teremos problemas, se for necessário crio uma revolução lá no Paraíso Celeste, mas desse jeito não volto mais. Ou é agora ou é agora, não tem mais volta, porque só tenho uma certeza, se faço escarcéu lá no meio dos anjos sem ter me tornado um deles, quando voltar a dar conta de mim mesma, estarei é em meio ao fogo eterno.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/03062779217116753237noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-120686578487914170.post-16997543360561954812010-09-22T08:00:00.000-07:002010-09-22T08:03:32.292-07:00Quando era criança tudo parecia ser mais fácil. Não tinha que me preocupar com as contas do fim do mês, com ter trabalho, com a comida, enfim, com nada. Tinha só que ser feliz. Mas a gente cresce, todo mundo o faz, mais cedo ou mais tarde. De alguma maneira tentei me preparar para o ser gente grande.<br />Parece não adiantar muito, por mais que um se prepare, a vida sempre surpreende. Basta ter alguma certeza, a vida vem e a tira. Basta ter algum plano, a vida vem e o desfaz. Passamos a viver preocupados, a cabeça sempre cheia de poréns e talvez, esquecendo que na verdade tudo o que se precisa é voltar a ser como criança, só se preocupar em ser feliz.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/03062779217116753237noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-120686578487914170.post-81987492117665034682010-01-25T01:05:00.000-08:002010-01-25T01:22:51.875-08:00La vamos nos de novo. Nem ideia de por onde comecar. Da ultima vez que escrevi ainda estava nas brancas areias de Gokarna. Depois de duas semanas de sol e mar peguei um tardio trem a Cochin. Tardio porque foram 5 horas de atraso, ate que pouco para a India. E apesar do atraso chegamos nao muito mais tarde do que o esperado. O bom da espera e que a gente aproveita para conhecer gente.<br /><br />De Cochin, com uma nova companheira de viagem, parti para o ashram da Amma. Chegamos sob intensa e bem vinda chuva. Ja do outro lado da ponte se podem ver os altos predios rosa, parecendo totalmente fora do lugar em meio as palmas, coqueiros e casas de pescador. E ao entrar, toda aquela multidao. Quase uma cidade. Aqueles que se deixam levar pela primeira impressao vao embora ja no dia seguinte sem conseguir sentir o espirito do ashram. Mas e so dar uma oportunidade, alguns dias e tudo comeca a ter mais sentido.<br /><br />O primeiro abraco, para quem nunca teve um antes, tambem e estranho. Um fila interminavel, maos que te empurram na posicao correta por apenas uns segundos, te puxam quando os segundos ja terminaram e te empurram de novo para longe da fila. Voce so fica com o cheiro a rosas e a pequena bala dada pelas maos da Amma. E se pergunta qual e o sentido de tudo aquilo.<br /><br />Dai voce comeca a fazer seva, comecei levando de um lado para o outro os pedidos da cafeteria. Karma de garconete. Depois troquei e fui lavar louca. Da maneira de ashram. Varias bacias e varias pessoas. Os pratos vao passando da bacia mais engordurada ate a limpa e cada um faz sua parte. Fora a meditacao na praia. Somos encorajados a faze-la duas vezes por dia, das 06:30 as 07:30 e das 17:30 as 18:30. Um paz incrivel, todos se reunindo num mesmo lugar com o mesmo proposito, todos em silencio, observando a si mesmos. <br /><br />Ainda dei a sorte que a Amma estava no ashram pelo qual alem das meditacoes e sevas, tinha os abracos, os ensinamentos e o bhajans, musicas devocionais. E a presenca dela, claro, isso ja e suficiente. Cada abraco, embora dure os mesmos milesimos de segundo, parecem mais amorosos e mais longos.<br /><br />Enfim, depois de uns 10 dias de vida de ashram resolvi mudar meus planos, que eram de seguir para Tirunvamalai e descer com uns amigos ate o extremo sul da India, Kanyakumari, o lugar onde se pode ver o sol nascer e se por no mar. Mais um lugar de peregrinacao, mas nesse caso indiana mesmo, nada turistico. Uma cidade feia e suja, num lugar espetacular e mal aproveitado. Mas valeu a pena, o sol veio e se foi e pudemos ver cada centimetro de cada momento.<br /><br />De Kanyakumari fomos a Rameswaram, a quarta maior cidade de peregrinacao hindu,o ponto mais perto do Sri Lanka. O lugar onde Hanuman ergueu a "ponte" unindo a India ao Sri Lanka para salvar Sita das maos de Ravana. Historias do hinduismo. E teriamos ja ido ao Sri Lanka se as fronteiras maritimas nao estivessem fechadas. Mas estavam, agora, depois de todos os conflitos de la, so de aviao mesmo. Estivemos a 30km e nao pudemos ver. Coisas da India. Mas tambem valeu a pena, outra cidade feia de peregrinacao hindu, mas num mar azul cristalino, o primeiro tao transparente que vejo na India, que geralmente tem o mar escuro. <br /><br />Subiremos mais, ate Chennai e de la pegaremos o aviao ao Sri Lanka. Se os planos nao mudam, claro, porque ja sabem, na India, Sapkuti Milega, Tudo e Possivel!Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/03062779217116753237noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-120686578487914170.post-85411322647276180182009-12-18T00:33:00.000-08:002009-12-18T00:44:43.001-08:00Depois da desertica dourada cidade de Jaisalmer fomos a Jodhpur. Nao gostamos, tanto que so passamos uma noite e no dia seguinte partimos de volta a Pushkar. Eu tambem por uma noite porque de la parti para Udaipur. Outra cidade no Rajastao. Linda. Mas como dizer, depois de Jaisalmer ja nao precisava ver nada... Nao tinha vontade de turistear por ai. JA vi suficientes contrucoes lindas, tipicas da India. Lagos tambem. Esta certo que Udaipur tem um lindo palacio no meio do lago, mas nem isso tinha muita vontade. Pelo qual voltei a Pushkar.<br /><br />Por que? De novo? E, pois descobri que de Ajmer, uma cidade pertinho de Pushkar, sai um trem para o sul. Para o extremo sul. Dai que por alguma obra do acaso consegui uma passagem. Obra do destino porque o tem ja estava totalmente cheio. Nem quota de turista tinha mais. Mas consegui. E acabei descendo em Gokarna.<br /><br />Gokarna esta no estado de Karnataka, na costa do Mar Arabico. Gokarna em si e uma vliazinha agradavel, com lojas e praia. Mas os turistas ficam mesmo nas praias ao redor. Fiquei na primeira, Kuddle Beach, para mim a melhor. Sem tantos vendedores ambulantes nem tantos indianos querendo checar as mulheres em bikini. Embora ate seja engracado ver a cara deles. Nas praias seguintes, de quando em quando e com sorte se podem ver golfinhos.<br /><br />Pois algo de sorte tivemos. Porque depois de 1 1/2 horas de caminhada chegamos a Paradise Beach. Uma prainha pequena e agradavel, bem escondida entre as pedras. Algumas Guest House e dois ou tres restaurantes. Ao fundo, 1 km de distancia, golfinhos divertindo-se na agua. E logo antes de irmos embora, de barco, uma cauda a uns 20 metros nos acenou adeus. Lindo demais.<br /><br />Todas essas praias tem algo em comum. Primeiro, claro, o calor. Quase insuportavel. E olha que sou brasileira. Depois a falta de sombra. Nem meia sombra para se esconder. E ninguem aqui aluga guarda-sol. Nao, essa grande descoberta ainda nao chegou aqui. Tambem nao se pode esconder embaixo das palmas e coqueiros ja que as guest house e restaurantes estao ali. Ou seja, ou se passa o dia comendo ou se esconde dentro do quarto. <br /><br />Mas vale a pena. Uma linda praia. Lindas ferias. Mar de aguas escuras e tranquilas. Nada de ondas. Tambem nada de vento para ajudar a refrescar, mas enfim, nada e perfeito. Nem mesmo a India.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/03062779217116753237noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-120686578487914170.post-17808215088412881132009-12-02T04:41:00.000-08:002009-12-02T05:08:22.698-08:00Tanto tempo sem escrever que nao sei nem por onde comecar... O festival de yoga de Rishikesh terminou e ficou a sensacao de quero mais. Pensava em ir ao Nepal depois do festival mas acabei mudando meus planos. No ultimo dia de Rishikesh aproveitei para despedir-me em alto estilo. Fui com duas amigas a cachoeira. Limpa, linda, ate para mergulhar deu. De bikini ja que nao havia nenhum indiano por perto. Um dia perfeito de sol, um lugar perfeito para meditar, para dizer adeus ao paraiso. Para desapegar da sensacao de casa que Rishikesh me despertou.<br /><br />Um dia depois peguei um onibus para Pushkar. Cheguei pensando o que vim fazer aqui? Por que vim para essa cidade totalmente dedicada a compras? Pushka era uma cidade linda ha alguns anos, quando havia um lindo lago no centro e um fantastico por do sol. Hoje do lago so existe o buraco. Segundo uma das historias, tiraram a agua de dentro, para limpar o lago, que estava com 75% da capacidade cheio de areia. Tiraram a areia. Quando voltaram a colocar a agua, a terra absorveu. E o lago, no meio do deserto, ficou so no buraco. Ha 4 anos que nao chove... A cidade ainda e sagrada, e sempre o sera, claro. Diz a lenda que Brahma deixou, com suas maos, cair tres flores sobre a India, 3 lugares sagrados,3 Pushkar. A que fui e a mais importante, reune deserto, montanhas, verde e agua. Bom, isso ha alguns anos atras.<br /><br />Mas acontece que Pushkar nao e so compras, foi o que descobri. A cidade em si e para os compradores. Lojas, lojas e mais lojas. Gente, gente e mais gente. Mas em Pushkar encontrei inesperadamente um amigo que conheci em Rishikesh. Juntos alugamos uma moto e nooossa, nem sei explicar. Nos adentramos nas aforas da cidade. O deserto a volta. Partes incrivelmente verdes, trabalhadas pelas maos humanas. <br /><br />E as pessoas, os olhares mais penetrantes que jamais vi. As mulheres, desde cedo, trabalhando duro no campo, casadas, com filhos. Poucos sorrisos nas fotos, mas coracoes enormes se abriam. Pouco a pouco os sorrisos surgiam. Meninas timidas tocavam meu cabelo. Me abracavam como amigas antigas. Nao sei se ja haviam visto gente branca. Continuo sem saber. <br /><br />Em um lugar nao tao longe nos receberam como familia. Nos ofereceram chai. Passamos a tarde conversando. Eu tinha a sorte que meu amigo sabia falar hindi. Nao queriam que fossemos embora. Que voltassemos todos os dias para sentar, comer, tomar chai, conversar. Ao lado da terra uma montanha se erguia. No topo da montanha um templo. La fomos ver o por do sol. O mais incrivel dos ultimos tempos. Aos nossos pes se extendia o deserto e o silencio. O ceu nos abracava. A noite chegou e nao queriamos descer. A terra se misturou com o ceu, ambos negros, estrelas no ceu, luzes na terra, a lua nos iluminava a descida. <br /><br />Foi como descer do paraiso. Foi como abrir mao do ceu. Voltar para a cidade barulhenta. Voltar para o paraiso das compras. Enfim, voltar a terra.<br /><br />De Pushkar vim para Jaiselmer. Ainda mais desertica, mais perto da fronteira com o Paquistao. Aqui fiz um Camel Safari. Dormi no deserto, em meio as Dunas. Separando-me da areia apenas um plastico. Separando-me do ceu, uma montanha de mantas. A lua quase cheia nos observava la em cima. Vi cervos correndo aqui e acola. Vi aguias voando baixo no nascer do sol. Andar a camelo nao e tao confortavel, os pes balancando la em cima. O movimento demasiado forte, pra ca e pra la. Ao final ja quase queria pedir arrego, prefiro caminhar. <br /><br />Jaiselmer tambem e conhecida como Golden City. Muitas construcoes em pedra. Detalhes esculpidos na propria pedra, flores, petalas, mandalas. Coisas so possiveis na India. So possiveis ha muito tempo, quando as pessoas tinham tempo para dedicar-se a construir obras perfeitas. Uma parte da cidade esta dentro de muralhas. Templos e palacios a enfeitam. Como uma cidade saida das 1001 noites.<br /><br />O deserto em volta a silencia, majestosamente refletindo o poder do sol.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/03062779217116753237noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-120686578487914170.post-1355490762412370362009-11-08T08:32:00.000-08:002009-11-08T08:56:09.853-08:00Domingo de sol, domingo de descanso. Em vez de ir ao festival e me encher de aulas de milhares de coisas fui com a Pao a uma prainha longinqua e tranquila a beira do Ganges. Ali passamos a manha. Senti por primeira vez que realmente estava aproveitando o estar em Rishikesh, o estar perto de um rio tao sagrado e aproveitar a energia dele para meditar.<br /><br />Ali, em meio a natureza, ouvindo o borburinho sagrado do Ganges, sentindo a areia branca sob os pes, me senti em conexao com a Unidade. E foi facil meditar. Porque a maior expressao de Deus e a propria natureza. E me dei conta que sempre tive dificuldade de meditar entre 4 paredes, mas ali parecia ser algo natural. Tambem sempre tive dificuldade de identificar Deus em uma imagem. Ou orar olhando alguma imagem. Porque Deus para mim e a consciencia de cada momento, e a essencia de cada um e a uniao de todas as essencias. Deus e a Unidade, e amor. Nao posso colocar uma forma no amor. Nao consigo dar uma forma a Unidade. Mas entendo que para muitos seja mais facil rezar espelhando Deus, ou uma concepcao de Deus em alguma imagem. Cada um tem seu metodo de conectar-se com o divino e todos sao validos.<br /><br />Sentei na arei branca, a beira do rio e meditei. Pensei nas semelhancas entre o percurso do Ganges ou de qualquer outro rio com a nossa vida. O percurso com turbulencias ou nao, mas sempre chegando de um jeito ou de outro, no mesmo destino. Tambem passamos por turbulencias, sofrimentos impostos pela vida. Sofrimentos e dores que baqueiam nossa personalidade, nossos egos. Mas o destino final, tambem e sempre o mesmo, a reuniao com a Unidade.<br /><br />Se paramos para pensar que a cada vida (para aqueles que acreditam em reencarnacao) temos uma personalidade diferente, somos uma pessoa diferente, entendemos o quao ilusoria e a ideia que temos de nos mesmos. Porque a personalidade, os egos, nao sao mais que uma ilusao, nossa verdadeira essencia e a unica realidade. E se a personalidade e ilusao, porque sofrer? Os sofrimentos e preocupacoes que a vida nos apresenta somente doem no ego. A essencia continua intacta.<br /><br />Vai vida, vem vida, passamos pelas mesmas provacoes, vivemos em Maia ate que entendemos que nao existimos, nao a concepcao que temos de nos. Os sofrimentos sao uma ajuda no nosso caminho a Unidade, eles sao os que eliminam, pouco a pouco os egos. Tentam mostrar-nos que o ego nao existe, e sendo assim o proprio sofrimento nao existe. Por que sofrer por algo irreal?<br /><br />Falar de Maia me leva a uma outra filosofia. Maia e considerada a ilusao. E ao mesmo tempo e tambem a Mae Divina, a Energia Criadora. Parece ser uma contradicao. Pois hoje, meditando, olhando as aguas verdes do Ganges, cheguei a conclusao que nao e. Maia e a expressao do amor divino. E a forma que temos de ve-lo em nossa cegueira a realidade. Maia e a ilusao criadora, e mais uma taboa na ponte que nos leva de volta a nossa origem, a Unidade, e o caminho para chegar a Deus. A criacao nao existe sem Deus, mas me pergunto se Deus existiria sem a criacao. Como poderia existir um Deus inexpresso? Maia faz parte de Deus e Deus faz parte de Maia, sao complementarios e sao um so.<br /><br />P.S.:Peco desculpas aos possiveis leitores pelos erros de acentuacao e portugues que possam haver. Quanto a acentuacao, nao sei onde estao as teclas nesses teclados da India. Quanto aos de portugues, muito tempo longe da patria nos leva a isso.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/03062779217116753237noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-120686578487914170.post-49217478714113909342009-11-02T04:38:00.000-08:002009-11-02T04:52:09.668-08:00Ah, Rishikesh... Ontem alugamos motos e fomos dar umas voltas. Eu, claro, atras, porque dirigir moto, ainda mais na India, ainda mais pela esquerda, ah, impossivel! Assim, sem querer fomos parar num longinquo templo de Shiva. Eramos as unicas tres estrangeiras do local. Um templo de peregrinacao totalmente hindu. Um espetaculo de cultura. O lugar em si nem e tao lindo, mas o caminho para chegar la, esse sim imperdivel. Parece ser que o templo foi edificado no lugar onde Shiva teria sido picado por uma serpente, o que originou sua cor azul.<br /><br />Na volta paramos em uma prainha a beira do Ganges, tempo suficiente para dar um mergulho nas aguas verdes (bom, eu nao entrei, ainda um pouco gripada) e ver um lindissimo por do sol. E realmente muito interessante ver esse rio tao limpo e pensar no quanto muda daqui a Varanasi. Por os pes nessa mesma agua, em Varanasi, seria algo totalmente impensado para mim, apesar que conheco algumas pessoas que chegaram a beber da agua de la e nao aconteceu nada.<br /><br />Hoje acordamos super cedo para tentarmos nos inscrever num curso de Yoga de 1 semana com um super professora suica. Bom, mesmo tendo chegado cedo, o curso ja estava completo. O que foi uma sorte! Pois na volta descobrimos que hoje mesmo comeca um festival de musica e yoga. Totalmente gratuito. Programacao por 2 semanas, todo o dia. Aulas de yoga, teoria da ayurveda, meditacao, 5 pilares da Sadhana, enfim, um senfim de coisas interessantes. Algo que em qualquer lugar no ocidente seria uma fortuuuuuna. Algo somente possivel na India mesmo. E ainda pela noite, para fechar, musica ao vivo!<br /><br />Em Rishikesh qualquer um se sente artista de cinema. La esta voce caminhando tranquilamente e de repente voce se ve rodeado, 10, 20, 30 pessoas. Todas tirando foto de voce, com voce, querendo te tocar. No comeco eu nao tirava nao, agora so rio, eu tambem gosto de tirar fotos deles. Uma mao lava a outra.<br /><br />Enfim, me espera uma semana de praticas e aulas, quem sabe nao serei uma yogui quando saia de Rishikesh?!Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/03062779217116753237noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-120686578487914170.post-27774837461884099172009-10-29T23:15:00.000-07:002009-11-02T04:34:59.471-08:00Depois de longas 12 horas de viagem, finalmente chegamos a Rishikesh. Deixa eu contar algo sobre o que e viajar de onibus na India...Pense no que seria entrar em um liquidificar e talvez consigar imaginar o que e. Parece ser que os freios so funcionam em horas pre-determinadas, nao consigo achar outra explicacao. A velocidade e constante, vai buraco, vem buraco, desvia de carros, gente e vacas, nao interessa, o freio nao e usado. E la vai voce sacudindo, sem parar, nada de suspensao a ar ou coisas do genero. E pra quebrar a coluna de qualquer um. E mesmo viajando a noite, dormir que e bom, muito dificil.<br /><br />E ainda por cima Dharamshala tem um unico defeito. O chegar e o ir embora. Pensem que e uma cidade no meio das montanhas, la no alto. Quase a Serra de Petropolis, curvas e mais curvas em alta velocidade. E la vai voce, olhos fechados e mao no estomago: Vomito? Nao, agora nao.. Ih, acho que agora vai! Nao, acaba que nao... E assim por diante. A primeira parada e chegar ao paraiso. Terra firme e ate janta sendo oferecida. Mas quem, em sa consciencia, consegue jantar com o estomago tao embrulhado?<br /><br />Algumas horas de viagem e mais um pit stop para usar o banheiro. E algumas outras horas e voce nao ve a hora de parar de novo para voltar a fazer xixi (te digo, isso de sacudir muito faz as aguas do corpo baixarem). E nada de parar. Voce ja ta quase gritando, para pelo amor de Deus, e nada. Ah, enfim, uma parada. No meio do nada, alguem vai descer. Escuta, pergunto eu, olhando em volta, nao tem banheiro por aqui nao? Nao, respondem. E vai ter alguma outra parada para usar o banheiro, volto a perguntar. Tem nao. Ah, o matinho e uma otima opcao. E sai todo mundo do onibus (pelo menos nao sou a unica) e o matinho escondido vira um banheiro femenino ao ar livre. <br /><br />Tres horas mais e chegamos a Rishikesh. Ver o Ganges limpinho ja vale a pena todo o sacrifiio da viagem. Aguas verdinhas e calor para compensar o frio passado no onibus (me salvou meu cobertorzinho tibetano). Largamos as mochilas em um hotel que nao gostamos e vamos em busca de algum lugar melhor. Preferencialmente um ashram. Depois de muito andar encontramos um, que seria legal se nao quisessemos fazer mais nada alem da yoga, porque tem um schedule fixo e tres comidas incluidas. Mas, honestamente, queremos passear, comer fora, sei la. Procuramos mais. Vamos ate a proxima ponte, ali, com calor, sentamos na beira do Ganges e colocamos os pes dentro. Ate vi peixes saltando. No final resolvemos ficar num hotel pequenino e voltar a procurar um ashram com mais calma e menos cansadas.<br /><br />Ao entardecer fomos a uma Puja (como um ritual de oferendas) ao rio Ganges. Um montao de gente reunida cantando mantras e oferecendo velas e flores ao rio. Um espetaculo. Ao mesmo tempo e na frente, um casamento. Os mantras da Puja e a musica do casamento lutando entre si para serem escutados. No casamento todos muito bem vestidos. Ate fogos de artificio. Claro que ficamos ate bem depois de terminada a Puja na expectativa de ver a noiva. Afinal, aquele nao era um casamento qualquer. La estavamos nos, ainda esperando ate que uma se da conta que no lugar da noiva ha uma estatua. Espantadas perguntamos a alguem se aquilo nao e um casamento. Um casamento com Deus, respondem. Mais espantadas ainda ficamos, imaginando um homem casando com uma estatua e fazendo toda uma comemoracao para anunciar. Nao aguentando mais de curiosidade chegamos perto. E no lugar do noivo, uma outra estatua. Voltamos a perguntar. Um casamento entre os deuses, explicam, o casamento entre Krishna e Radha. Um casamento entre estatuas! Enfim...coisas da India!Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/03062779217116753237noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-120686578487914170.post-1068219617841012142009-10-28T01:41:00.000-07:002009-10-28T02:04:45.323-07:00Bom, ultimo dia em Dharamshala. Ate meio estranho pensar em ir embora. Um mes aqui e ainda poderia ficar mais, tranquilamente. Tanto para se aprender! E muito facil se apegar a essa cidadezinha tibetana. Mas hoje mesmo pego o onibus noturno para Rishkesh. Pelo menos uma semana de aulas de yoga me espera por la. E quem sabe algum outro curso terapeutico...<br /><br />Fora um lindo Ganges, um clima nao tao frio...E bom, alguma hora a India tinha que comecar. Porque Dharamshala nao e India. E Tibet na India. E muito mais facil, quase ferias mesmo. Ninguem te enchendo de perguntas, muito mais sorrisos. E ainda tem os Himalayas. Algo a repeito dessas montanhas. E incrivel como tem algo de poder nelas. Parecem destacar-se no ceu azul. Quase tem vida proprias, as vezes ate parecem respirar. Fora outra coisa. Parece ser que nos lugares de força sempre existem aguias. Pois aqui o que nao falta sao aguias. Sempre ha uma, ou duas, ou tres sobrevoando nossas cabecas. E corvos. <br /><br />Ontem foi a ultima aula de massagem, ganhei outro lindo diploma. Ainda mais bonito que o de culinaria. E depois ainda fiz uma aula de Balancing Body, uma antiga tecnica tibetana que equilibra a energia e os elementos do corpo. Uma delicia. Sei de gente que vai adorar e ainda ajuda a equilibrar a temperatura do corpo (principalmente das pessoas que sempre tem pes e maos frios).<br /><br />Quando fui fazer o check out da Guest House tive um pequeno problema. Quando entrei entedi que me cobrariam 200 rupias por dia. Pois hoje, na hora de pagar querem me cobrar 300 por dia. O cara comeca a gritar comigo. Enfim, sai pagando o que tinham me dito. Mas claro, fico com aquela sensacao de algo mal terminado. Assim que umas duas horas depois volto a Guest House, entendendo que provavelmente houve um mal entendido e ponho 250 rupias a mais. E me sinto melhor, porque converso mais calmamente com o recepcionista e ele ja nao grita comigo.<br /><br />Em janeiro havera um Kumba Mela em Rishikesh. Uma palavrinha sobre o que e O Kumba Mela. Uma peregrinagem que acontece mais ou menos 1 vez a cada 3 anos. Milhoes de sadhus e gurus de toda a India se reunem em um mesmo lugar. Muitos deles deixaram tudo para tras e vivem em cavernas. Depois de 12 anos se faz o Maha Kumba Mela, que e a maior reuniao de pessoas com proposito religioso em todo o mundo. <br /><br />Eu ja o sabia antes de vir pra India, mas tinha feito outros planos. Mas claro, na India nao se pode planejar muita coisa... Ela meio que te leva para onde voce deve ir. Pois ja comeca a passar pela minha cabeca nao ir para o sul depois do Nepal e sim ir para o Kumba Mela. Afinal quantas vezes na vida se pode ver tantas pessoas dedicadas a Deus (e tantos impostores, claro) em um mesmo lugar! O sul poderia ficar para depois...Ate porque entao daria tempo de fazer algum voluntariado no Nepal. Ai, ai, nada como viajar pela India. Desapego e a palavra para definir.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/03062779217116753237noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-120686578487914170.post-78367962745792739742009-10-23T05:40:00.000-07:002009-11-02T04:36:20.587-08:00Mais um entrada rapida...Hoje, mais um lindo dia de sol, feriado tibetano em Dharamshala. Fui com duas amigas a comemoracao dos 49 anos da inauguracao da TIbetan Childrens Village, a melhor escola tibetana de toda a India, e a primeira foi fundada aqui. <br /><br />Saimos cedo, uma linda caminhada, lindas fotos com os Himalaias no fundo. Chegamos a tempo de um discurso em tibetano de uma hora e meia que nao pudemos entender, claro. E finalmente a aprensentacao dos alunos dancando. Bom, eu perdi uma parte, porque depois de uma hora e meia de discurso no sol precisei encontrar um banheiro, e claro, Lei de Murphy, no momento em que sai as apresentacoes comecaram. <br /><br />Quando terminou ja era hora do almoco e descobrimos um lindo salao com um quantidade enorme de comida gratis. Entramos todas e comemos ate nos fartar, achando tudo aquilo muito estranho, mas enfim... Bom, quando terminamos e saimos encontramos um amigo americano e descobrimos que aquela era a area VIP, so para convidados. Ou seja, fomos de penetra, e valeu cada segundo.<br /><br />Sentamos a meia sombra de uma frondosa arvore, cercadas de tibetanos e mais tibetanos e pudemos apreciar os bailes e cantos tipicos das diversas regioes do Tibet. Devo dizer que foi lindo. E que os tibetanos sao lindos. Cada um deles, ate os desdentados. <br /><br />Algo interessante para se pensar. A India permitiu que os tibetanos se instalassem aqui. Abriu as portas para todos os refugiados do Tibet, todos que quiseram vir, sem excecao. Acho que nenhum outro pais jamais fez isso. Abrir as portas assim para outra cultura. E os tibetanos o agradecem. De verdade. Alem da bandeira do Tibet e da bandeira da India, uma outra bandeira, logo atras do palco com letras bem grandes: Thank you India!Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/03062779217116753237noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-120686578487914170.post-20399951629133494002009-10-20T07:51:00.000-07:002009-10-20T08:26:20.035-07:00Hoje faco uma entrada rapida. Por onde comeco? Finalmente consegui mudar de Guest House. Para uma sem aranhas e sem gente estranha. A ultima apelidei de Crrepy Guest House. A nova se chama Freedom Palace. E embora nao tenha televisao tem uma linda maravilhora vista do nascer do sol. Um comentario sobre o nascer e o por do sol na India. Nada parecido com os do Brasil. Nada de ceu pintado de milhares de inumeraveis cores. Nada, apenas uma bola de fogo saindo num ceu azul. Nao que seja feio, claro, porque um nascer do sol feio e quase impossivel.<br /><br />Ontem fui dar um passeio pelas montanhas com uma amiga. 3 horas de caminhada intensa, uma subida espantosa, vistas incriveis, ate chegar ao topo da montanha. Um lindo dia de sol (estou ate morena!! Na verdade, queimada, mas enfim...). No topo um pequeno lugar para relaxar e tomar um chai enquanto se aprecia a vista. E fazer aulas de frances. Sim, porque estou aprendendo frances e ensinando portugues. Nao e otimo poder viajar e aprender? Unir o util ao agradavel? Ficamos la em cima, com o ar puro e fresco por algumas horas e entao tomamos coragem e enfrentamos as 3 horas do caminho de volta. Por sorte um lindo caminho embora eu morresse de vontade de ir ao banheiro em pelo menos metade dele. Ate teria entrado um pouco na natureza, mas sempre tinha gente passando e nao me pareceu uma otima ideia correr o risco. Sei que hoje alem de queimada tenho uma gigantesca bolha no meu dedao direito. Parece que meu nike nao e resistente a India.<br /><br />Hoje tambem foi mais um dia de ensinamentos do Dalai Lama. Exceto que hoje ele falou em ingles. Estavamos super contentes que nao precisariamos do radinho, nada de transmissao, simplesmente a voz dele no alto falante. E, felicidade parece nao durar muito, nem mesmo na India. Ao nosso lado havia uma tradutora russa. E a gente ja sabe como sao os russos, nao particularmente discretos. Me pergunto como o Dalai Lama nao a ouviu la do outro recinto. Tivemos que ligar o radinho de novo e buscar a transmissao dele para conseguir entender algo. So posso descreve-lo de uma maneira: fofo. Ele e um amor, a voz emana amor, ele emana carinho e docura. O vejo e me arrepio inteira, meus olhos se enchem de agua. Assim por nada, por meio minuto ao ve-lo subindo e descendo as escadas. Enfim, abaixo escrevo um pouco mais do que pude anotar dos ensinamentos:<br /><br />A principal causa do sofrimento humano e a ignorancia. Alem disso estao a acao e a motivacao. A motivacao e o principal causador de acoes tanto fisicas quanto mentais. Segundo o budismo o conhecimento e a sabedoria sao as melhores maneiras de combater a ignoranca. Nao basta so ter fe, tem que por em pratica no dia-a-dia tudo aquilo que se aprende. BUdha ensina o caminho, mas cabe a cada um a responsabilidade e o esforco de segui-lo.<br /><br />Porque temos um sentido do "eu" experimentamos dor, sofrimento e prazer. A experiencia mental e mais forte que a experiencia fisica. E possivel "overdue" o sofrimento no plano fisico com a devida atitude mental, porem e impossivel "subdue" o sofrimento mental com o conforto fisico. <br /><br />Quando desenvolvemos "Awareness" consegue-se, pouco a pouco, eliminar as causas do sofrimento. Porque nao ha mais identificacao. Eliminando o sofrimento se chega a "Ultimate Reality".<br /><br />Quanto mais compaixao temos, menos pensamentos e acoes negativos. Existem 3 motivos para nao cometermos acoes negativas: um e o medo da lei que nos punira, outro e o medo das consequencias que teremos que pagar por nossas acoes e o terceiro e a compaixao. Se amamos aos outros como as nos mesmos, nao cometeremos acoes negativas porque estariamos nos auto ferindo.<br /><br />The Right Will is a solid base.<br /><br />Bom, isso foi o que consegui anotar. Depois dos ensinamentos fui a minha primeira aula de massagem tibetana. Senti ate vontade de voltar ja pra casa para colocar em pratica. Mas, nossa, que exercicio viu? A forca, a concentracao, e eu suava. Iss porque nem da tempo de praticar tanto assim! Enfim, descobri que adoro massagens e adoro a India. Terei mais um diploma para a minha nova colecao!<br /><br />Um ultimo comentario antes de me despedir. Viajar para a India aprece ser um eterno processo de desapego para uma mulher viajando sozinha. So ao vir voce ja esta abrindo mao do conforto, da seguranca e muitas vezes do respeito. E ao nao criar novos apegos/expectativas os antigos vao surgindo e sendo eliminados naturalmente. A India em si e um eterno trabalho de limpeza interna (em todos os sentidos), de aceitacao, de entrega e de fe. Por isso mexe tanto. Aqui parece ser o unic lugar do mundo onde levam 1 hora para trazer a comida errada e voce ainda sai sorrindo e agradecendo. O unico lugar onde encontrar cabelo na comida e algo perfeitamente natural. <br /><br />Por primeira vez em muito tempo sinto que nao tenho que provar nada para ninguem. Nem para mim mesma. Estou aqui porque quero estar. Posso ir embora quando quiser e a viajem ja tera valido a pena. Me sinto feliz. Realizada. Viajando sozinha, mas nao so. Conhecendo gente. Conhecendo a mim mesma. Pelo menos um pouco mais.<br /><br />E pouco a pouco vou entendendo, ainda que no plano mental, que cada pessoa que passa na nossa vida tem um papel a cumprir em relacao ao nosso karma. E nos provavelmente tambem teremos um papel a desempenhar na vida delas. Assim que os papeis sao cumpridos essas pessoas se vao, abrindo caminho para os que vem atras. Mas nos nos apegamos aos papeis. As pessoas que estao de passagem. Nos apegamos a uma imagem, a um "eu" que nao existe e estagnamos nosso proprio crescimento espiritual. Porque cada pessoa tem uma mensagem a entregar. Algumas podem levar anos para faze-lo, outras apenas algumas horas ou alguns dias. Mas nao queremos deixa-las ir, nao queremos seguir nosso caminho e nao deixamos que elas sigam os delas. Assim sao os apegos.<br /><br />Nada que a India nao nos ensine.<br /><br />India, incrivel India!Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/03062779217116753237noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-120686578487914170.post-69489635734683984412009-10-16T03:36:00.000-07:002009-10-16T04:20:59.613-07:00Dificil acreditar que nao faz nem um mes que estou aqui. Tantas coisas, tanta gente passando pela minha viagem que um mes parece ser infinitamente pouco.<br /><br />Por exemplo, em apenas 3 dias conswgui um lindo diploma. Agora sou diplomada em culinaria tibetana. Nao paro de comer! Ja sei fazer paes, sopas e momos (uma especie de pastel cozido ao vapor). E nao e um diploma qualquer nao, nada de folha sulfit, diploma quase de verdade!<br /><br />Um pouco de aventuras... Estava eu la, linda e formosa no outro dia, tomando um maravilhoso banho quente no banheiro do meu quarto, olho pra cima e...a maior aranha que ja vi na minha vida (isso porque ja vi algumas) la, me encarando. Ahhh, minha primeira reacao foi sair correndo e gritando, de shampoo na cabeca, mas logo me dei conta que essa ideia, na India, nao seria naaaada bem recebida, assim que quase calmamente terminei meu banho, congelando a aranha marrom, peluda e de pernas compridas com meu olhar e sai para buscar alguem que pudesse tira-la de la. Passaram uns 10 minutos antes que eu conseguisse encontrar o recepcionista. Expliquei minha historia e la vai o cara, desaparece por uns 5 minutos em algum lugar e volta com um aromatizador. Nao, volto a explicar, tem uma aranha enoooooorme no meu banheiro! Ah, ele disse, spiderman! Nao, quase grito! So spider, sem man!!! Ah, finalmente eu, de cabelos pingando, consigo arrastar o cara pro meu banheiro. La vai ele, olha com cara de entendedor e diz, nao tem problema! Voce tire esta aranha dai agoraaaaa, quase grito de novo! Finalmente me vejo livre da aranha e ainda faco o cara dar uma checada em todo o resto pra ver se tem nenhuma outra. Isso porque e o terceiro dia que estou la e manhtenho sempre mantenho a porta do banheiro fechada. Isso quer dizer que ela sempre esteve la. Embora nao a tenha visto. Prefiro nem pensar onde.<br /><br />Por outro lado chegou o Dalai Lama. Num lindo dia de sol, as ruas todas enfeitadas, um mar de gente amontoada para ve-lo. Bom, aqueles que chegaram primeiro talvez tenham podido, mas eu so pude ver a caravana, ja que ele estava sentado no menor carro. <br /><br />E ontem comecaram os ensinamentos. Seguranca maxima. Nada de cameras, telefones, armas, nada. So ve-lo entrar, com um sorriso manso no rosto e emanando uma aura de bondade ja valeu a pena. Bom, pelo menos isso salvou o primeiro dia. Ate porque a traducao nao e simultanea e nao e das melhores. A transmissao e feita por radio e as vezes o sinal nao e muito bom. E o tradutor, as vezes le na mesma velocidade que o Dalai Lama, os textos sagrados, que aqui ja sao conhecidos e nao pra entender nem uma palavra. <br /><br />Hoje, ja fui mais preparada. Papel e caneta na mao. Anotar ajuda a concentrar a mente, alem de ajudar a entender. Por outro lado ontem comprei um tappawere para servir de prato ja que la mesmo servem comida. Ontem, ao nao saber, sai com 3 amigas para almocar e a comida demorou tanto que quando conseguimos voltar ja tinha comecado. Apos muita luta consegui uma porcao de arroz e uma de sopa que me fizeram bastante feliz. E de novo ve-lo entrar e sair me encheu os olhos de lagrimas e me arrepiou o corpo inteiro. <br /><br />A verdade e que muitas coisas nao consigo entender. Nem eu nem ninguem, imagino. Mas suponho tambem que muitas coisas entrarao por osmose. Nao e todo dia que podemos estar perto (nao no mesmo recinto) de um ser desses.<br /><br />Hoje consegui tomar algo de notas. O tema foi a nao existencia do eu (selfness). O budismo e o pacificar a mente. A mente, segundo eles, pode ser pacificada atraves da meditacao sobre a nao existencia do eu. Quando a mente deixa de ser egoista (self-centered) passa a ser compassiva e nao gasta tanto tempo pensando em si mesma. Budismo e o cultivo da mente nao egoista.<br /><br />Quando um pessoa deixa de pensar tanto em si mesma o "eu" deixa de existir e amente se acalma.<br /><br />Quanto a generosidade, o budismo perga que devemos ser generosos sem apegos ao objeto dado, generosos simplesmente pelo ato de se-lo, sem pensar no que recebera em retorno. Generosidade + amor + compreensao levam a iluminacao.<br /><br />Um objeto pode ser visto de duas formas: superficial, onde se ve a forma resplandecente e a analitica, onde o objeto nao existe de maneira independente. Esta 'e a "Ultimate Truth". O "eu" deixa de existir, nao pode ser encontrado, nem identificado. O que reconhecemos como "eu" e nada mais que uma forma fisica e uma personalidade criada em cada vida.<br /><br />Ate mesmo os Bodhistwas devem ser vistos como nao-existentes ja que suas existencias nao ocorrem de forma independente. E impossivel ter compreensao do ser se nao se compreende a nao existencia do eu e da forma (phenomn). Por outro lado deve-se ter cuidado para nao se apegar a sensacao de inexistencia.<br /><br />Para provar a existencia real de um objeto, este deveria passar por 3 analises.<br />-O objeto deve ser aceito por uma mente convencional<br />-O objeto nao deve ser rejeitado por uma mente que analisa o sentido convencional<br />-O objeto nao deve ser rejeitado por uma mente que analisa o "Ultimate Sense"<br /><br />Nao e que nada existe, as coisas simplesmente existem por sugestao subjetiva. Ainda que uma mente esteja livre de arrogancia, se nao se tem conhecimento nao se chegara aos resultados devidos.<br /><br />O corpo, por exemplo, so e reconhecido como corpo por todas suas diferentes partes. Ha uma co dependencia entre todas as partes e o corpo como um todo para que podamos reconhece-lo. Isso demonstra que o corpo nao e real, ja que sua existencia nao e independente.<br /><br />Objeto+ sense of self = apego ou aversao. Para evitar os dois ultimos tem-se que minar tanto o sentido do eu quanto a visao que uma pessoa tem de um objeto. O entendimento da origem dependente (dependent origination) mina a ignorancia. Na existencia dependente nao ha forma real.<br /><br />Para que a mente possa ser controlada deve-se ir alem do sofrimento. Ate que um ser passe por isso nao pode ser chamado Bodhisatwa. Meditar sobre a nao existencia (emptiness) ajuda a percorrer o caminho da iluminacao, ja que mina o sentido do "eu"<br /><br />Bom, isso foi o que consegui anotar de todos os ensinamentos de hoje. Que todos facam proveito. Be Happy!Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/03062779217116753237noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-120686578487914170.post-12247722966519146622009-10-12T01:20:00.000-07:002009-10-12T02:43:13.609-07:00De volta a terra. 10 dias de silencio. 10 dias sozinha com o maior inimigo do homem, sua propria mente. 10 intensos dias e 10 fantasticos dias.<br /><br />O primeiro dia e dificil, controlar a mente, mas como tudo e novo, voce se esforca mais. No segundo dia a mente comeca a se dar conta do que voce esta fazendo e vem pra cima. No terceiro dia eu e perguntava o que tinha passado na minha mente pra fazer um vipassana de novo. E no quarto dia quando voce tem que ficar imovel, nossa, ai sim voce quer fugir. Mas pouco a pouco a mente comeca a acalmar. Pouco a pouco o silencio, ainda que nao completo vai chegando. A respiracao ficando cada vez mais imperceptivel. As dores vao passando e voce lembra porque esta ali. <br /><br />Sonhei. Sonhei muito. Muitas aguas passadas foram reviradas durante os sonhos. Isso porque estou acostumada a sonhar. Quem me conhece sabe. Nao faltam historias nos meus sonhos. Mas durante o Vipassana duplicaram em quantidade e intensidade. Simplesmente incrivel. Limpeza total de corpo e alma.<br /><br />Acordei duas noites seguidas com um subito clarao no meu rosto. Olhei assustada e vi pela janela do teto uma incrivel lua cheia iluminando meus sonhos. Nao e todo dia que podemos ver a lua cheia desde a cama. Abri os olhos, sonolenta, vi a lua, apreciei por uns segundos, vierei de lado e pensei, volte a dormir que voce tem que acordar as 04:00!<br /><br />Me sinto caminhando em ondas. Literalmente. Ligeiramente enjoada, como estar em alto mar. Voltar a vida real foi dificil. Ainda mais porque como o Dalai Lama esta vindo os hoteis estao todos cheios. E os precos dobraram. Um novo teste de equanimidade pos Vipassana.<br /><br />Ah, mas o Vipassana tem muitas vantagens alem da meditacao. Por exemplo, fortalece as pernas. Isso de ficar fazendo as necessidades agachada, ufa, cansa. Dai descobri uma utilidade para a sempre presente torneirinha que os indianos usam para lavar as maos. E nao, nao e lavar as minhas maos, ja que os banheiros tem pia para isso. Nao, para dar apoio. Assim voce agacha, mas tem onde se segurar.<br /><br />Alem disso o Vipassana, para quem ja fez pelo menos um curso anterior emagrece. Sim, porque tomamos cafe da manha (as 06:30 da manha) e almocamos (as 11:00) e nada mais. Bom, mentira, as 17:00 podemos tomar cha de limao. A verdade e que nao fiquei com fome. Meditar nao gasta muitas calorias. E no decimo dia sim podemos comer a noite. E foi o que fiz. Comi. E passei a pior noite de todas. Nao conseguia dormir. E quando finalmente conseguir, passei a noite tendo pesadelos. A comida pesa e nao nos damos conta.<br /><br />Parece que realmente nao tenho muita sorte com os chuveiros nos vipassanas. Quem leu a entrada do primeiro Vipassana que fiz, sabe. So no ultimo banho consegui agua quente. Pois dessa vez fiquei toda feliz porque ganhei um quarto com banheiro. Chuveiro, pia e privada na chao. Mais feliz ainda quando consegui meu primero banho quente no primeiro dia. Entao, no segundo dia la fui eu toda contente tomar banho e pronto, agua gelada. Bom, muita coragem nessa hora. Terceiro dia, la vou eu de novo. E agua gelada! Cabelo pra frente e banho em duas partes. Cabelo e corpo, separadamente. Durante o almoco escrevi uma pequena nota para a manager explicando que nao tinha agua quente. Durante a noite me comentou que estava consertado. No dia seguinte la vou eu e entro em extase ao conseguir agua quente. Dia seguinte... Agua gelada de novo. Bom, decido, para nao desperdicar mais palavras, tomarei banho nos chuveiros compartilhados do lado de fora. NO luck. Agua fria. O problema e comigo mesmo porque depois, conversando com as outras mulheres descobri que todas sempre conseguiam agua quente...<br /><br />No sexto dia choveu desesperadamente. Pedrinhas de gelo. Pude ve-las caindo desde a janela do banheiro. Nao chegou a ficar tudo branco como no Matutu, mas foi suficiente. A noite mais fria de todas. No dia seguinte, as 04:30 da manha, descobri ser impossivel meditar. Mesmo com meu cobertorzinho tibetano, tiritava. Mas ao amanhecer, olhei para o horizonte e vi a primeira montanha nevada. Valeu a pena todo o frio.<br /><br /><br />Vivemos num mundo de sensacoes. Sensacoes que tentam nos distrair do nosso verdadeiro eu. O homem em geral se sente vazio e tenta encontrar a felicidade em coisas materiais. Hoje quer um telefone, amanha um ipod, depois uma moto, carro, casa tv, tv maior, computador. Um querer sem fim. Um querer que nao preenche. O homem se preenche a si mesmo. Ou pelo menos deveria. O homem deveria saber fechar os olhos para tantas sensacoes superficiais e conhecer aquilo que verdadeiramente sente. Dentro. E entao se sentiria completo. E seria feliz. Em todos os momentos. Nao somente naqueles onde tudo sai conforme o esperado. Nao. Em cada momento, em cada minuto, segundo, porque viveria no agora.<br /><br />No decimo dia podemos voltar a falar. Se diz que e para a volta ao mundo nao ser tao impactante. E e um momento lindo. Todos querem compartilhar felicidade. Querem saber como estao aquelas pessoas com quem conviveram por 10 dias, que ouviram chorar, mas nem olhar puderam. E ali, no decimo dia, existe tal felicidade no ar, os rostos brilhantes e sorridentes. Cada um sabendo que enfrentou seu pior inimigo por 10 dias e saiu ileso. Um momento magico.<br /><br />Pois foi durante esse momento magico que conheci uma menina suica. Mais uma daquelas que voce olha e pensa ja conhecer de algum outro lugar. Bom, provavelmente uniremos as mochilas. Planejo ficar em Dharamshala por mais uma semana mais ou menos para escutar os ensinamentos do Dalai Lama. Depois vamos juntas para Risshkesh e de la para o Nepal! E se possivel, do Nepal, fazer um tour para o Tibet.<br /><br />Viajar e assim. Conhecer gente, compartilhar momentos, caminhos se juntam e se separam incessantemente. Portas se abrem no mundo inteiro. Nao existe solidao. Nao existe tristeza. Existe sim sempre a duvida do amanha.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/03062779217116753237noreply@blogger.com2